Coordenador: Moises Lobão,
Contextualização
A energia é fator essencial ao desenvolvimento social e
econômico de uma região ou país. A qualidade de vida que
dela resulta possibilita realizar desde tarefas mais simples até trabalhos que
possibilitam a geração de renda para pessoas e comunidades inteiras. Porém, há
muitas comunidades que não usufruem dos benefícios do acesso à energia no
Brasil, em especial na Amazônia.
Portanto, um dos grandes problemas para o desenvolvimento
sustentável da Amazônia é a dificuldade do fornecimento de energia às
comunidades isoladas. Esse problema tem sido um obstáculo considerável para o
desenvolvimento das atividades produtivas dessas comunidades, sobretudo as que
utilizam o modo extrativista de produção como sua fonte de renda.
As comunidades isoladas apresentam baixos índices de
eletrificação em razão do modelo de fornecimento de energia elétrica implantado
em nosso pais, pois a extensão da rede para atendimento de poucos consumidores
é, geralmente, econômica e ambientalmente inviável.
Por este motivo, a população utiliza pequenos geradores
movidos a diesel ou gasolina para geração de energia elétrica, o que também é inviável
devido ao elevado custo do combustível, considerando o frágil orçamento dessas
comunidades. Uma opção para esta parcela da população é gerar energia elétrica
a partir de combustível disponível na sua unidade produtiva e de maneira
sustentável.
Várias alternativas de geração de energia em pequenas
comunidades isoladas vem sendo testadas para resolver ou pelo menos amenizar
estes problemas, porém essas experiências têm mostrado várias limitações como
seu alto custo de implantação, geração, transmissão e distribuição de energia
hidroelétrica que inviabilizam quaisquer iniciativas em pequena escala.
Outras experiências como o uso de placas de energia solar,
geradores movidos a biodiesel, entre outras, tem se mostrado inviáveis devido a
barreiras ambientais, econômicas, sociais e culturais existentes nessas
comunidades.
Porém, cresce a expectativa de se gerar energia nessas
comunidades a partir de combustível disponível localmente e de maneira sustentável
na Amazônia, e uma das fontes de matéria prima para geração de energia que
ganha força é o aproveitamento de resíduos da biomassa florestal.
Afinal, nas comunidades isoladas da Amazônia a biomassa
florestal está disponível em grande quantidade, pois é dela que advém a fonte
de renda dessa população, que normalmente extrai madeira e outros produtos
florestais gerando grande quantidade de resíduos que muitas vezes são queimados
a céu aberto ou descartados nos rios.
Este problema de passivo ambiental existente nessas
comunidades devido à disposição inadequada dos resíduos florestais poderá ser
solucionado com essa alternativa de conversão desses resíduos em energia
alternativa, gerando emprego local e melhorando a renda da comunidade e seus
indicadores sociais e econômicos.
A combustão ou queima direta é a forma mais tradicional de
uso da energia da biomassa, porém, a gaseificação e a pirólise são processos
termoquímicos que recebem especial atenção. Porém são grandes os desafios para
possibilitar estes usos, já que há ainda poucas pesquisas em relação a
caracterização da biomassa que é heterogênea e muito diversa, tendo desde
resíduos da exploração madeireira (copa, galhos, ramos), cascas e demais
resíduos como as tortas advindas da extração dos óleos das amêndoas de
oleaginosas existentes localmente.
Pesquisas sobre as novas tecnologias de conversão da biomassa
em combustíveis líquidos, sólidos e gasosos de alto valor agregado, têm,
atualmente, despertado interesse mundial, porém o investimento de recursos para
pesquisa e desenvolvimento ainda é insuficiente, sendo necessário políticas de
C&T que promovam o incentivo a esses tipos de inciativas.
Portanto, vê-se a necessidade de reunir grandes especialistas
na área para realizar uma discussão sobre as diferentes tecnologias existentes
e possíveis pesquisas que possam viabilizar o uso da biomassa para geração de
energia nessas comunidades do Acre.
Nesse sentido, algumas questões devem ser discutidas na
Rodada de Discussão sobre Biomassa e Energia Elétrica na Amazônia:
1)
Qual
é a alternativa mais adequada para desenvolver e expandir o setor elétrico na Amazônia:
integrar-se ao Sistema Interligado Nacional (SIN) ou investir em sistemas
isolados?
a.
Quais
são os impactos econômicos, ambientais e sociais de ambos os sistemas?
2)
Quais são os entraves à implantação de sistemas isolados eficazes na Amazônia,
e especialmente no Acre?
3) Como
se pode avaliar a utilização da biomassa florestal como fontes de energia?
a. É
possível aliar conservação ambiental à eficiência energética e à lógica do
lucro imediato?
4) A
arrecadação gerada pela CCC (Conta de Compensação de Combustíveis) ainda
representa a melhor forma de investimento nos sistemas isolados?
a.
Como incrementar essa iniciativa que também incentiva a utilização de outras fontes
de geração de energia elétrica?
5) A
Amazônia é rica em recursos florestais, no entanto, consegue pouco proveito
para geração de energia. Que entraves políticos, econômicos e ambientais
impedem reverter esse quadro?
6) Quais
cuidados devem ser assumidos na aquisição de equipamentos e desenvolvimento de
tecnologias adequadas à realidade de populações isoladas?
7) Em
relação à distância entre matéria prima e o local de geração de energia
elétrica, quais inconvenientes (volume, perigos de contaminação, etc) podem
haver dependendo do tipo de biomassa florestal que será utilizada na geração?
8) Há
limite mínimo do poder calorifico e outras propriedades energéticas da matéria
prima a ser utilizada, que pode viabilizar ou não a geração de energia elétrica
com biomassa florestal?
9) Com
relação ao aquecimento, há possibilidades de usar mecanismos que facilitem o
processo de inicialização da ignição, queima, aquecimento e conversão da
biomassa florestal?
10)
Que entraves culturais pode existir nas comunidades isoladas da Amazônia e que
dificultem a implantação de sistemas alternativos de geração de energia elétrica
nesses locais?
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