quarta-feira, 10 de abril de 2013

Linha Temática 3: Fontes alternativas de energia para comunidades isoladas no estado do Acre e para a Amazônia.


Coordenador: Moises Lobão,

Contextualização

A energia é fator essencial ao desenvolvimento social e econômico de uma região ou país. A qualidade de vida que dela resulta possibilita realizar desde tarefas mais simples até trabalhos que possibilitam a geração de renda para pessoas e comunidades inteiras. Porém, há muitas comunidades que não usufruem dos benefícios do acesso à energia no Brasil, em especial na Amazônia.
Portanto, um dos grandes problemas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia é a dificuldade do fornecimento de energia às comunidades isoladas. Esse problema tem sido um obstáculo considerável para o desenvolvimento das atividades produtivas dessas comunidades, sobretudo as que utilizam o modo extrativista de produção como sua fonte de renda.
As comunidades isoladas apresentam baixos índices de eletrificação em razão do modelo de fornecimento de energia elétrica implantado em nosso pais, pois a extensão da rede para atendimento de poucos consumidores é, geralmente, econômica e ambientalmente inviável.
Por este motivo, a população utiliza pequenos geradores movidos a diesel ou gasolina para geração de energia elétrica, o que também é inviável devido ao elevado custo do combustível, considerando o frágil orçamento dessas comunidades. Uma opção para esta parcela da população é gerar energia elétrica a partir de combustível disponível na sua unidade produtiva e de maneira sustentável.
Várias alternativas de geração de energia em pequenas comunidades isoladas vem sendo testadas para resolver ou pelo menos amenizar estes problemas, porém essas experiências têm mostrado várias limitações como seu alto custo de implantação, geração, transmissão e distribuição de energia hidroelétrica que inviabilizam quaisquer iniciativas em pequena escala.
Outras experiências como o uso de placas de energia solar, geradores movidos a biodiesel, entre outras, tem se mostrado inviáveis devido a barreiras ambientais, econômicas, sociais e culturais existentes nessas comunidades.
Porém, cresce a expectativa de se gerar energia nessas comunidades a partir de combustível disponível localmente e de maneira sustentável na Amazônia, e uma das fontes de matéria prima para geração de energia que ganha força é o aproveitamento de resíduos da biomassa florestal.
Afinal, nas comunidades isoladas da Amazônia a biomassa florestal está disponível em grande quantidade, pois é dela que advém a fonte de renda dessa população, que normalmente extrai madeira e outros produtos florestais gerando grande quantidade de resíduos que muitas vezes são queimados a céu aberto ou descartados nos rios.
Este problema de passivo ambiental existente nessas comunidades devido à disposição inadequada dos resíduos florestais poderá ser solucionado com essa alternativa de conversão desses resíduos em energia alternativa, gerando emprego local e melhorando a renda da comunidade e seus indicadores sociais e econômicos.
A combustão ou queima direta é a forma mais tradicional de uso da energia da biomassa, porém, a gaseificação e a pirólise são processos termoquímicos que recebem especial atenção. Porém são grandes os desafios para possibilitar estes usos, já que há ainda poucas pesquisas em relação a caracterização da biomassa que é heterogênea e muito diversa, tendo desde resíduos da exploração madeireira (copa, galhos, ramos), cascas e demais resíduos como as tortas advindas da extração dos óleos das amêndoas de oleaginosas existentes localmente.
Pesquisas sobre as novas tecnologias de conversão da biomassa em combustíveis líquidos, sólidos e gasosos de alto valor agregado, têm, atualmente, despertado interesse mundial, porém o investimento de recursos para pesquisa e desenvolvimento ainda é insuficiente, sendo necessário políticas de C&T que promovam o incentivo a esses tipos de inciativas.
Portanto, vê-se a necessidade de reunir grandes especialistas na área para realizar uma discussão sobre as diferentes tecnologias existentes e possíveis pesquisas que possam viabilizar o uso da biomassa para geração de energia nessas comunidades do Acre.
Nesse sentido, algumas questões devem ser discutidas na Rodada de Discussão sobre Biomassa e Energia Elétrica na Amazônia:
1)           Qual é a alternativa mais adequada para desenvolver e expandir o setor elétrico na Amazônia: integrar-se ao Sistema Interligado Nacional (SIN) ou investir em sistemas isolados?
a.            Quais são os impactos econômicos, ambientais e sociais de ambos os sistemas?
2) Quais são os entraves à implantação de sistemas isolados eficazes na Amazônia, e especialmente no Acre?
3) Como se pode avaliar a utilização da biomassa florestal como fontes de energia?
a. É possível aliar conservação ambiental à eficiência energética e à lógica do lucro imediato?
4) A arrecadação gerada pela CCC (Conta de Compensação de Combustíveis) ainda representa a melhor forma de investimento nos sistemas isolados?
a. Como incrementar essa iniciativa que também incentiva a utilização de outras fontes de geração de energia elétrica?
5) A Amazônia é rica em recursos florestais, no entanto, consegue pouco proveito para geração de energia. Que entraves políticos, econômicos e ambientais impedem reverter esse quadro?
6) Quais cuidados devem ser assumidos na aquisição de equipamentos e desenvolvimento de tecnologias adequadas à realidade de populações isoladas?
7) Em relação à distância entre matéria prima e o local de geração de energia elétrica, quais inconvenientes (volume, perigos de contaminação, etc) podem haver dependendo do tipo de biomassa florestal que será utilizada na geração?
8) Há limite mínimo do poder calorifico e outras propriedades energéticas da matéria prima a ser utilizada, que pode viabilizar ou não a geração de energia elétrica com biomassa florestal?
9) Com relação ao aquecimento, há possibilidades de usar mecanismos que facilitem o processo de inicialização da ignição, queima, aquecimento e conversão da biomassa florestal?
10) Que entraves culturais pode existir nas comunidades isoladas da Amazônia e que dificultem a implantação de sistemas alternativos de geração de energia elétrica nesses locais?

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