terça-feira, 9 de abril de 2013

Alemanha toma decisão inédita: banir usinas nucleares


Rodada de Discussão

O Acre pode ser uma referência? Engenharia Florestal


Ecio Rodrigues - ecio@ufac.br


Como bons planejadores que são, daqueles  que só atuam mediante minucioso plano - que, aliás, e diferentemente do que ocorre por aqui, é sempre  cumprido à risca -, os alemães tomaram uma decisão inédita: banir, até 2022, a geração de  energia elétrica obtida por meio das 18 usinas  nucleares em funcionamento no país.  Essa resolução, não há dúvidas, irá alterar  radicalmente o mercado de energia elétrica mundial. 
Acontece que, diante da crise ecológica desencadeada pelo uso dos combustíveis fósseis -leia-se petróleo - e diante ainda da crise igualmente  importante de abastecimento prevista para meados de 2050, quando as reservas de petróleo começarão a secar, e a oferta do precioso óleo não  atenderá à demanda mundial, a geração nuclear de  energia elétrica ganhou adeptos em todos os seguimentos, inclusive - pasme-se - no movimento  ambientalista internacional.
 Entidades de reconhecido prestígio mundo  afora, como Greenpeace e WWF - para ficar na  dupla mais famosa – puseram-se em defesa das  usinas nucleares como principal componente duma  matriz energética tida como limpa. 
Alegava-se que a geração nuclear seria a  mais sustentável, e que o único problema a ser  enfrentado seria a deposição do lixo atômico – o que já se havia resolvido no mundo desenvolvido,  mediante a construção de aterros sanitários específicos para os restos do urânio, a serem localizados, de preferência, bem longe dos
ambientalistas 
Em relação aos riscos (pois acidentes  envolvendo usinas nucleares costumam dizimar  populações inteiras e causar efeitos residuais por  mais de 50 anos), não haveria motivos para preocupação, uma vez que os níveis tecnológicos  contemporâneos garantiriam 99,99% de segurança. 
Ora, um riscozinho de 00,01 estaria dentro dos  limites aceitáveis. Porém, toda essa argumentação foi por terra - ou por água abaixo, para ser mais fiel à realidade vivenciada na usina de Fukushima. A pretensa segurança nuclear (mesmo no Japão) não conseguiu prever que os eventos climáticos chegariam às proporções atualmente observadas,  alterando de tal forma a estabilidade do relevo, que a  possibilidade de acidentes nucleares, ainda que  quase inexistente sob o ponto de vista estatístico,  transformou-se em cruel realidade naquele país,  onde o raio de evacuação da população local já  atingiu a marca dos 30 quilômetros a partir da usina. (A catástrofe atômica começa a criar suas cidades  fantasmas, ainda que bem iluminadas). Para os alemães, a tragédia japonesa transmitiu um recado certo: não há segurança contra  eventos sísmicos. Nem mesmo em países como o  Brasil, onde, por graça divina, não existem probabilidades estatísticas de ocorrência de furacões, terremotos e tsunamis. A conclusão, óbvia,  é que energia nuclear não é um caminho seguro para  chegar-se a um futuro sustentável. A decisão de banimento das 18 usinas (vejase que não se está falando de usinas que ainda serão  construídas, como no nosso caso, mas daquelas que  já estão gerando emprego e renda há anos) também  se baseou na promoção de tecnologia para as fontes sustentáveis, como hidroeletricidade, biomassa florestal, vento e sol, para ficar nas mais atuais. 
O raciocínio é lógico: enquanto a geração  nuclear estiver em funcionamento, não haverá  investimento em opções tecnológicas seguras e  limpas para a geração de energia elétrica. E está-se  falando dum país que, há mais de 30 anos, é o maior  investidor público em tais tecnologias. Enquanto isso, um certo país com imenso  potencial para a geração de energia elétrica limpa e segura – opção que poderia reverter a letargia 
econômica presente na Amazônia -, perde-se numa  infindável discussão sobre a construção de quatro novas usinas nucleares... 

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